Páginas

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

De Corpo Inteiro

Sinopse - De Corpo Inteiro - Clarice Lispector

“O que é amor? Qual é a coisa mais importante do mundo? Qual é a coisa mais importante para um indivíduo?”
Essas questões, em si perturbadores e exigentes, são o coração desse livro. Só Clarice Lispector, improvisada em repórter, as ousaria formular como se fossem mais simples e evidentes, as inescapáveis questões a que devem responder os que compões o panteon da inteligência e da sensibilidade brasileira. Perdidas entre tantas outras que reconstroem o percurso existencial e profissional de gente como Chico Buarque, Tom Jobim e Nélida Piñon, elas ferem fundo e desconcertam os entrevistados, fazendo-os deslizar para um universo que, mais do que qualquer outro, pertence a Clarice.

A busca da essência de cada um de nós, para além do brilho do sucesso, pede da entrevistadora a generosidade de expor-se em cada entrevista, perguntando-se tanto quanto pergunta, correndo os mesmos riscos. “Por que você escreve?” “Eu me pergunto por que escrevo?” “Você tem medo?” “Eu tenho medo.” É nesse vaivém de ocultações e desvendamentos que Clarice Lispector oferece ao leitor desse livro um panorama íntimo do que foi a sua geração, seus tormentos, suas glórias e fracassos, sua criatividade transbordante, tudo registrado em música de câmera, em diálogo pausado, impiedoso às vezes e honesto sempre.

Como prêmio nos é dado ainda surpreender Clarice por um ângulo pouco conhecido, o da jornalista, estranha jornalista, terna, perplexa, fascinada pelos mundos que vai abrindo a golpes de despudor, como pode ser perguntar ao ministro do planejamento se ele reza.

Clarice, disso sabem seus leitores, surpreende sempre, sobretudo porque nos confronta a nossos próprios mistérios, abre caixas secretas que carregávamos sem saber. Refaz, assim, mutilações insuspeitadas e nos devolve a nós mesmos, De corpo inteiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário